26/05/2013
As miopatias em equinos atletas são de ocorrência comum, chamadas também de “atamento”, “mal da segunda feira”, azotúria, mioglobinúria paralítica, rabdomiólise ou “tying up”. Na maioria das vezes estão relacionadas aos exercícios físicos, podendo acometer tanto os músculos esqueléticos quanto à musculatura cardíaca.
Explicar como o equino tem a miopatia não é tão simples, já que as pesquisas têm aumentado nos últimos anos e trazido atualizações quase que semanais. Mas de maneira sucinta pode-se explicar que durante o repouso o cavalo armazena reservas de glicose no músculo, chamadas de glicogênio. Se esta reserva for quebrada mais veloz que a quantidade suficiente de oxigênio disponível para sua utilização completa (no caso de esforços exagerados rápidos, como a vaquejada), ela será convertida em ácido lático. Sem oxigênio suficiente, o ácido lático não pode ser utilizado pelo músculo, indo à circulação, onde vai para o fígado ser submetido ao Ciclo de Cori e convertido em Glicose. Quando essas quantidades de ácido lático são grandes no músculo, tornam-se irritantes ao mesmo, causando degeneração das fibras musculares, desencadeando os sinais clínicos da miopatia.
Os cavalos com miopatia apresentam como sinais clínicos a relutância e dificuldade de locomoção associada à dor muscular generalizada, o que os dá uma aspecto de “ encolhidos” com andar truncado e resistente. Normalmente suam muito e apresentam fasciculações e câimbras em grupos musculares. As maiores massas musculares são as notadamente afetadas, normalmente contraídas, firmes e altamente sensíveis ao toque. Em casos graves esses sinais são seguidos de decúbito e óbito. Outro ponto a ser notado é a coloração da urina, pois a mioglobina decorrente da degeneração muscular é excretada por essa via, o que traz um escurecimento da mesma, levando à chamada urina cor de “coca-cola” ou de café. Em casos leves esse sinal clínico pode não estar presente visualmente, mas provavelmente pode ser identificada mioglobina na urina por exames laboratoriais. Em exames sanguíneos pode-se observar aumento das enzimas séricas de Creatina Fosfoquinase (CPK ou CK), Lactato desidrogenase (LDH) e lactato sanguíneo, podendo desencadear aumento de Aspartato transminase (AST) após algumas horas.
Porém, a miopatia pode não ser causada apenas pelo exercício físico, sendo que os sinais clínicos estão presentes independendo da causa da afecção, que pode estar relacionada ao próprio exercício de forma primária, não associada ao exercício e/ ou por alteração na condução elétrica muscular. Assim é importante saber que a miopatia pode estar associada às outras causas que não o esforço exagerado ou contínuo, são elas: causas nutricionais, exemplo a miodegeneração nutricional, conhecida como distrofia muscular nutricional ou doença do músculo branco, associada à deficiência de vitamina E e Selênio; metabólica (deficiência de enzima I de ramificação do glicogênio e por acúmulo de acúcares musculares-polissacarídeos); tóxica; traumática; neoplásicas e síndromes paraneoplásicas; inflamatória (bacterianas, virais , parasitárias e imunomediadas); induzida por esteróides ou anabolizantes; além das causas associadas às anestesias gerais ( miopatia isquêmica e hipertermia maligna).Outro fator que deve ser citado é o tipo de fibra muscular predominante no cavalo avaliado, visto que basicamente pode-se ter trÊs tipos de fibras: tipo I ( contração lenta), IIa ( contração intermediária) e II b( contração rápida), o que pode fazer com que o animal apresente miopatia referente ao executar um esporte não condizente com suas fibras musculares predominantes, que tem caráter genético ( Quarto de Milha linhagens de corrida ou conformação por exemplo) ou podem adaptadas parcialmente via treinamento ( fisiologia do exercício).
Os tratamentos visam controlar a dor, aumento de volemia via infusão intravenosa ou oral de fluidos balanceados, injeções e suplementação de vitamina E e selênio, cálcio, fármacos ansiolíticos, entre outros. Porém em casos de miopatia chamem um médico veterinário, que saberá como instaurar o tratamento mais adequado.
Em relação à prevenção, é primordial instaurar um programa de treinamento, nutricional e sanitário adequado, visando maximizar os resultados em provas sem “estourar” o atleta. Assim, existem médicos veterinários que trabalham com a fisiologia do exercício equina e pode auxiliar no melhor programa. Lembre-se, a prevenção sempre é melhor e mais barata que tratar uma doença! Aproveitem e procurem a equipe do Hospital de Equinos Clinilab para sanar dúvidas e instaurar um programa de treinamento de campeões!
Pierre Barnabé Escodro,
Professor Adjunto Doutor em Clínica Cirúrgica e Médica de Equídeos da Universidade Federal de Alagoas, Líder do Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos-UFAL no CNPq. Ex- diretor clínico do Hospital de Equinos Vetpolo- Indaiatuba-SP. Contato: pierre.vet@gmail.com.
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